O futuro da mobilidade urbana passa pelos carros elétricos. Eles são as alternativas mais sustentáveis frente a uma frota que utiliza combustíveis fósseis para rodar. Os carros elétricos têm energia limpa, são bastante silenciosos e, raramente, necessitam de manutenção. Mesmo com tantos prós, eles ainda representam uma parcela ínfima da frota brasileira – apenas 0,007%, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
O número reduzido de elétricos nas vias brasileiras – a frota total é de 103,38 milhões, sendo apenas 8.182 veículos elétricos – pode ser remetido a três principais fatores: preços elevados, escassa rede de carregamento e ao não incentivo governamental para o uso de energia renovável.
Atualmente, o carro elétrico mais barato do Brasil, comercializado por grandes montadoras, é o Renault Zoe, que custa a partir de R$ 149,9 mil, segundo o site da empresa francesa. O valor mais elevado é devido às baterias destes veículos, que por conta da produção escassa, ainda custam muito para serem fabricadas.
Segundo Pedro Mendes, diretor de operações da JAC Motors, o preço mais elevado dos elétricos poderia ser compensado com políticas governamentais de incentivo ao uso de energia renovável – como já acontece nos Estados Unidos e em alguns países europeus. Na Noruega, por exemplo, 22% dos veículos já são elétricos. “No Brasil, ainda estamos engatinhando quando se trata de consciência ecológica”, avalia Mendes.
Mesmo assim, a JAC Motors aposta que os elétricos representam o futuro, tanto do mercado automotivo, como da mobilidade urbana. “Acreditamos muito nisso e estamos investindo no produto, tanto que somos a única montadora no Brasil a ter uma gama de veículos elétricos, e não somente um”, destaca o diretor.
A afirmação diz respeito ao lançamento da montadora, para o segundo semestre de 2019, de cinco produtos para o mercado brasileiro – inclusive, caminhonetes e caminhões. O mais esperado deles é, entretanto, o iEV40, uma SUV compacta, com vendas a partir de R$ 153,5 mil.
Segundo Mendes, o iEV 40 é o carro elétrico mais eficiente do mercado brasileiro, consumindo 13 kWh a cada 100 quilômetros. “A economia para o consumidor final é enorme. Em 20 mil quilômetros rodados, a economia vai ser de R$ 7,5 mil, quando comparada aos gastos de um carro à combustão”, argumenta.
Aposta nos elétricos
Quem também aposta nos veículos elétricos é a Hitech Eletric, empresa brasileira com sede em Pinhais (PR). Idealizada pelo engenheiro mecânico Rodrigo Contin, a marca comercializa carros e caminhões 100% elétricos por menos de R$ 100 mil.
A proposta atual da Hitech Eletric é voltada, principalmente, para empresas e o setor governamental, que são os chamados early-adopters deste mercado, ou seja, o público que, segundo Contin, está mais preparado para comprar veículos elétricos no Brasil.
“A maior questão ainda é a de aceitação da população. Mas, se comparado à aceitação dos patinetes e bicicletas que estrearam no mercado recentemente, o resultado será um tremendo sucesso”, acredita.
Alternativa para inclusão social
A brasileira Cicloway acredita que os modais elétricos podem atuar para inclusão social, é o que defende Guilherme Hannud Filho, idealizador de novos negócios da empresa. “Alguém precisa agir em benefício de milhões de brasileiros que não têm condições de adquirir um automóvel ou até mesmo uma moto”, afirma.
Dessa forma, a Cicloway produz e comercializa veículos elétricos para deslocamento de uma a até cinco pessoas, e também para transportes de carga de 80 a 800 quilos. Segundo o idealizador, o valor destes modais é de ¼ quando comparado a um veículo à combustão, e o custo operacional por quilômetro rodado chega a ser 15% do que é gasto por um veículo a diesel.
São comercializados, por exemplo, patinetes, triciclos, os chamados tuk tuk elétricos, que transportam até cinco pessoas, com preços entre R$ 7mil e R$ 27 mil, além de motocicletas de duas rodas, de três rodas e veículos especiais para coleta de resíduos. Com exceção das motocicletas, esses veículos percorrem em média de 25 a 45 km/h, uma velocidade considerada ideal para vias públicas.
Uma novidade é o lançamento de 20 mil patinetes elétricos para o mercado brasileiro. O patinete deve ser utilizado, principalmente, para deslocamento individual, para fugir dos congestionamentos e em integração com outros modais de transporte, como estações de metrô e terminais de ônibus. Os patinetes também são destinados para jovens abaixo de 18 anos, uma população que já tem suas necessidades de deslocamento, apesar de não ter idade para tirar habilitação, e ainda, para pessoas que não têm condições de adquirir um veículo convencional. Há também aplicações na área de segurança e para entregas.
Por: Beatriz Pozzobon, jornalista, para a PARAR Review