O gerenciamento de frotas é uma tarefa desafiadora, principalmente no setor agropecuário, em que o Brasil se destaca como um dos principais no cenário mundial. Por ser repleto de peculiaridades, exige que o gestor de frotas considere uma série de especificidades em relação a outras áreas. Afinal, as atividades são desenvolvidas em áreas rurais, muitas vezes não asfaltadas, de difícil acesso, com trechos precários e sem infraestrutura. E como driblar tais pontos, mantendo eficiência e segurança?
Um dos pontos cruciais é a escolha de modelos de veículos que atendam à operação. Uma das maiores provedoras de soluções para o produtor rural, a Belagrícola divide sua frota no mercado agro, em três grupos de veículos: administrativo, pickups leves e gerencial. “As exigências estão direcionadas principalmente à segurança na mobilidade dos colaboradores, com a preferência por veículos aprovados pelo índice de segurança veicular da LatinNcap. Entretanto, são observados também dados como desempenho, valores de manutenção e, em alguns casos, itens como alarme, rádio, ar condicionado etc”, explicam Rebeca Lins, Diretora Administrativa, e Letícia Almeida, Coordenadora de Relações Trabalhistas & Frotas.
Segundo elas, os desafios da Belagrícola são ainda maiores porque as unidades da empresa são distribuídas no Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Isso ocasiona alto número de quilômetros rodados e a gestão fica obrigada a redobrar a atenção em dados como km/L, preços de manutenções, rotas escolhidas, necessidade do deslocamento, sistema de carona, conscientização de compartilhamento de veículos etc.
Condutores no Mercado Agro
Outra questão fundamental é a seleção dos condutores. Na Belagrícola, eles são distribuídos de acordo com as funções exercidas na companhia, estando diretamente relacionados à atividade realizada. “Para os “Consultores de Venda”, por exemplo, ligados à área comercial da empresa, são destinadasos pickups leves para possibilitar o atendimento ao cliente diretamente em sua propriedade rural, bem como eventual necessidade de entrega dos produtos comercializados”, ressaltam a diretora e a coordenadora.
Uma gestão eficiente, na visão delas, além dessas preocupações cruciais, deve explorar as possibilidades tecnológicas e modelos de veículos inovadores. É o caso do pool de veículos que utilizam. “Dos cerca de 300 veículos da frota, 30% aproximadamente não estão com condutores fixos, pertencendo aos vários grupos de pool existentes: da sede administrativa, das filiais, de gestores, entre outros”, detalham.
A Belagrícola reduziu a antiga frota própria em cerca de 34%, operando com o sistema de reservas, a fim de mensurar o impacto da utilização dos veículos compartilhados. Verificou que a redução permitiu otimizar a utilização dos veículos. Além de propiciar a geração dedados importantes para a gestão, que consegue visualizar os motivos de deslocamentos, as viagens frequentes e eventuais, os maiores clientes dentro da companhia, entre outras informações relevantes, que auxiliam diretamente no direcionamento das próximas ações.
Desafios superados nas Frotas do Mercado Agro
A paixão pelo ofício é um diferencial também na concepção de Yara Amaral, do Grupo Fertiláqua, empresa de destaque nos mercados de nutrição, fisiologia de plantas e revitalização de solo. Com experiência de 18 anos na área de Gestão de Frotas, há um ano e meio assumiu o que considera um dos seus maiores desafios: trabalhar no agro e organizar o departamento de gestão de frotas da empresa.
No caso deles, 100% da frota é própria. “Ao analisar o mercado e o perfil da empresa, começam os desafios dos gestores em conhecer os detalhes dos veículos utilitários disponíveis para que possuam desempenho em segurança, atendam requisitos de acessórios com base na utilização, tenham abrangência técnica para os reparos e que os custos de TCO estejam dentro do budget”, pontua, considerando que devido ao índice de estradas precárias no Brasil e os materiais utilizados pelos técnicos, há necessidade dos veículos serem utilitários, podendo ser de porte médio ou grande.
Ela reafirma que as novas tecnologias são indispensáveis para o sucesso da gestão no setor agro. “A tecnologia é uma forte aliada no processo de transformação, mesmo que ainda existam deficiências de conectividades em algumas localidades. Sempre buscamos nos adequar às tendências do mercado e firmar parcerias com fornecedores preparados. Afinal, com o uso de tecnologia a empresa é sempre beneficiada”.
Partindo dessa premissa, ela diz que a empresa atingiu uma posição de vasto controle da frota, que permite utilizar facilmente cartão de abastecimento, fleetreporting das manutenções, gestões de CNH, multas, telemetria, sinistralidade e locação veicular, além de desmobilização online. “Com aplicação de soluções personalizadas, é possível transformar problemas em oportunidades”.
O Gestor de Frotas Agro
Na Adama, indústria do segmento agroquímico que possui mais de 40 anos de história no agronegócio, os cuidados mais importantes estão na escolha do veículo e no tratamento adequado ao colaborador que atua nas frotas. “O veículo dever ser ideal para nossa força de vendas, ou seja,robustos, com caçamba e em determinadas regiões devem ser 4×4 e a diesel. Este cuidado é necessário pelas diferenças entre regiões, pois em algumas áreas há escassez de rede de oficinas e até de postos de combustível”, comenta Anna Paula F. Mendes Brianez, Coordenadora de Facilities e Frotas.
Ela explica que para conseguir atender bem o colaborador, contam com uma ampla rede de assistência 24 horas como guinchos sem limite de KM além do atendimento personalizado. Atualmente, a frota da Adama conta com 240 veículos – todos próprios. “Realizamos diversos estudos, porém, optamos por um modelo de frota própria no qual mantemos um controle total sobre os veículos e ao final do ciclo de utilização, conseguimos obter retorno sobre a venda do mesmo. Porém, o modelo de operação adotado é frequentemente revisado”, argumenta, já emendando que a frota é composta 100% de pick-up’s sendo 4×2 flex e 4×4 diesel, tendo benefício com veículos de livre escolha com valores estipulados em política.
Para a melhor escolha do veículo, de acordo com a coordenadora, são avaliados critérios definidos na política de frotas vigente: área de atuação, terreno de circulação, rede de concessionárias na região, itens de segurança, histórico de manutenção, período de garantia, negociação comercial no momento da compra.
Questionada sobre as ferramentas que lançam mão para controlar de forma eficiente a frota e driblar os desafios inerentes ao setor agro, ela cita controle dos ativos, controle documental, controle de sinistros, controle de multas, centralização da aprovação das manutenções e pneus, telemetria, programa de segurança veicular, cartão combustível.
Um ‘divisor de águas’ foi a instalação da tecnologia da telemetria. “Após a implementação, obtivemos resultados surpreendentes, como a redução de 17% em multas, diminuição do número de acidentes, além de 22% de redução no consumo de combustível”, comemora Thiago Pereira de Souza, Assistente de Frotas.
Por: Paula Bonini, jornalista para a PARAR Review
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